Com temas da vida real, Enem cita game e cálculo de pena na prova de matemática

Com temas da vida real, Enem cita game e cálculo de pena na prova de matemática

SÃO PAULO

O Enem manteve neste domingo (11) a tradição de colocar temas da vida real na prova de matemática. As questões abordaram, por exemplo, o game Minecraft e propuseram problemas como cálculo de pena de um preso sem antecedentes criminais.

Já na parte de ciências da natureza (biologia, física e química), faltou aproximar o conteúdo do cotidiano dos alunos, avalia, Célio Tasinafo, diretor pedagógico do cursinho Oficina do Estudante.

“A prova de física foi muito direta, de analisar o gráfico e responder. Química até teve um esforço nesse sentido, mas mesmo que nos outros anos”, disse. “Ficou parecida com a Fuvest, mas no que ela tem de pior: a falta de contextualização”, afirmou Tasinafo.

A questão que mais chamou a atenção dos estudantes Dennis Aurélio e Arthur Fortunato, que fizeram a prova na Uninove Barra Funda (zona oeste de SP), foi a do Minecraft. “Era uma pergunta de matemática, que falava sobre empilhar cubos e citava o Minecraft. Achei engraçado, porque eu já joguei muito esse jogo”, conta Arthur.

É um exemplo de questão que aproxima a avaliação do cotidiano do aluno, diz o professor de matemática Felipe Freire, do COC.

Para ele, a prova teve dificuldade mediana na parte de cálculos, mas houve questões complicadas de interpretação de texto e gráfico.

“Foi uma prova bastante visual, que você se se embasava bastante no visual para responder”, acrescentou.

Alexandre Medeiros, 18, conta que achava que as perguntas deste domingo (11) trariam mais temas atuais. “Depois da polêmica da questão do dialeto gay na semana passada, achei que hoje teria algo parecido”, diz.

A pergunta, na prova de linguagem, gerou críticas do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).

Segundo os candidatos, a prova não trouxe nenhum assunto controverso.

A estudante Giovanna Leme, 17, achou a prova trabalhosa, mas tranquila. “Eles pediram vários conceitos diferentes. Mas acho que, se você souber interpretar o enunciado, você conseguia fazer”.

O assistente de comércio exterior Jonathan Brito, 24, concorda. “Comparando às provas dos anos anteriores, que fiz para treinar, a de hoje estava bem mais fácil”, opina.

Não é unanimidade: o advogado Lucas Hastings, 23, conta que de 0 a 10, a dificuldade estava lá pelos 7,5. “Matemática é sempre mais complicado”, diz.

Para cursinhos ouvidos pela Folha, a prova deste domingo exigiu bastante domínio de conceitos específicos das disciplinas de biologia, química, física e matemática. “Não dá mais para achar que é possível fazer o Enem baseando-se apenas na lógica. É preciso ter muito conteúdo”, disse Marcelo Dias Carvalho, coordenador do Grupo Etapa.

Para Daniel Perry, coordenador do Anglo, temas com bastante recorrência no Enem confirmaram presença na prova deste ano. São os casos de porcentagem, razão e proporção. “Entre as questões mais trabalhosas está a que exigia o cálculo da probabilidade de uma premiação”, disse.

Uma prova mais conceitual na disciplina de física foi alívio para o aluno que já estava cansado com os cálculos de matemática, disse  Dias Carvalho, do Etapa. Entre os temas trazidos na disciplina estão mecânica, ondulatória e termodinâmica, temas recorrentes no Enem.

A criatividade foi a característica mais destacada pelo professor Nelson Dutra, coordenador do Objetivo, ao descrever a prova de biologia. Entre os temas, a prova tratou de corredores ecológicos. Ainda assim, chamou a atenção a ausência de temas como zoologia e fisiologia humana.

Na prova de química, professores destacaram os enunciados difíceis e a presença de temas pouco conhecidos por alunos do ensino médio e apenas dominado por estudantes do ensino superior. “Caiu na prova um gráfico sobre ligações químicas que aluno de ensino médio não costuma ver. É o tipo de informação que o estudante só vai ter no ensino superior. Achei maldade um gráfico tão específico”, analisa o professor de química Allan Rodrigues, do aplicativo Descomplica.

 

Anna Satie , Fabrício Lobel e Thaiza Pauluze

Fonte: Folha de S. Paulo

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